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O bizarro verme-aveludado espirra líquido para matar presas

A criatura bizarra da semana é o verme-aveludado. Bom, os vermes-aveludados, já que existem mais de 100 espécies desse verme, com suas perninhas atarracadas, seus “canhões” que disparam um lodo imobilizador e suas mandíbulas desagradáveis que conseguem atravessar até a casca de artrópodes.

Esse animal, apesar de ser um verme, é tão distante de algo como a minhoca comum que até tem um próprio filo, o Onychophora.

Com um corpo mole que varia de 1,30 a 15 centímetros de comprimento, esses bichos são caçadores implacáveis, para não mencionar excelentes sobreviventes – eles passeiam pela Terra há quase tanto tempo quanto animais terrestres existem.

“Eles evoluíram durante o período Cambriano, aproximadamente 540 milhões de anos atrás, de um grupo marinho chamado de lobopódios”, disse o biólogo Ivo de Sena Oliveira, da Universidade de Leipzig na Alemanha. “Apesar do seu aspecto frágil, vermes-aveludados foram capazes de superar várias mudanças geológicas, climáticas e de vegetação até hoje”.
Ferozes

Essa capacidade de sobrevivência do verme-aveludado não é surpreendente quando se considera as armas que ele tem à sua disposição.

Em ambos os lados da sua cabeça, ficam “canhões” – membros modificados – ligados a um reservatório de lodo feito de proteínas. Em questão de milésimos de segundo, o verme pode disparar esta lama em uma presa até 20 centímetros de distância, como o Homem-Aranha lança sua teia. Quanto mais a vítima luta para libertar-se do lodo, mais presa fica.
Na boca, o animal possui um par de mandíbulas, cada uma com duas lâminas e um grande dente de foice. Essas lâminas se parecem com as garras que possui em cada perna. “A musculatura associada à mandíbula é enorme e complexa e pode ter evoluído para quebrar o exoesqueleto duro de suas presas”, explica Oliveira.

Ou seja, o verme imobiliza seu alvo com o lodo e faz um pequeno furo em seu exoesqueleto usando suas mandíbulas, para em seguida injetar uma saliva digestiva em seu corpo e sugar os tecidos pré-digeridos.

Se comer as presas é fácil, achá-las é mais ainda. Esses bichos são “máquinas sensoriais”. Não só eles têm olhos que provavelmente lhes proporcionam visão monocromática, como também utilizam suas antenas para farejar substâncias químicas e alterações nas correntes de ar.

Além disso, seu corpo inteiro é coberto com papilas dérmicas, que dão ao verme sua textura aveludada. A maioria dessas papilas tem cerdas que complementam as antenas no processamento de correntes de ar. De maneira geral, os cientistas especulam que estes animais têm uma boa percepção do ambiente ao seu redor.

Como todos os tipos de outros invertebrados, os vermes-aveludados têm esqueletos hidrostáticos que apoiam o seu corpo não com osso, mas com fluido pressurizado. Eles não só podem contratar seu corpo para caber em espaços apertados, como, “em uma situação especial, como escapar de alguma coisa, eles podem ‘galopar’”, explica Oliveira.

Isso só é possível porque a pressão hidrostática pode ser eficientemente direcionada para qualquer parte do corpo, utilizando a musculatura desenvolvida.

Amor de pele

Quando se trata de amor, os vermes são bastante criativos – também, pudera, tiveram milhares de anos para testar diferentes posições.
Os machos costumam liberar feromônios, mais ou menos como usar uma colônia, para atrair as fêmeas.
Na maioria das espécies, dois vermes acasalam emparelhando suas aberturas genitais, com o macho transferindo um pacote de esperma chamado de espermatóforo diretamente no corpo da fêmea.

Outras espécies possuem abordagens mais bizarras, no entanto, como algumas variedades australianas que desenvolveram órgãos especializados na cabeça com os quais o macho pode colocar espermatóforos na abertura genital da fêmea.

Segundo Oliveira, machos de alguns vermes-aveludados chilenos ainda podem colocar espermatóforos em todo o corpo da fêmea, que então é capaz de absorvê-los através da pele. Isto é conhecido como inseminação dérmica.

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